sábado, maio 4, 2024

Conteúdo que impacta no seu bolso!

Desvendando o Mercado de Carbono: estratégias e potenciais para reduzir os impactos das mudanças climáticas

*Por Marcelo Sarkis

No Brasil, especialmente com a iminente sanção presidencial ao aguardado Projeto de Lei nº 412/2022, de relatoria da senadora Leila Barros (PDT-DF), o atual momento do mercado de carbono evidencia um período de profunda transformação. O PL tem o objetivo de estabelecer um limite para as emissões de dióxido de carbono (CO2) lançados na atmosfera pelas empresas e, ao obter a aprovação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), o país se projeta à vanguarda da regulamentação ambiental, procurando não apenas mitigar as emissões, mas também encontrar oportunidades econômicas substanciais. 

A exclusão do agronegócio, embora sensível, revela a complexidade inerente à abordagem das emissões em setores diversos. O mercado de carbono emerge como uma ferramenta de alto potencial, que, quando empregado de maneira responsável e transparente, pode desempenhar um papel importante na construção de um futuro mais sustentável e resiliente. Este novo cenário não só consolida o compromisso ambiental do País, mas também traça um horizonte em que desenvolvimento econômico e preservação ambiental se torna não apenas viável, mas sobretudo imperativa.

Porém, para entender a discussão em torno do tema, é preciso primeiro saber o que é e qual o objetivo do mercado de carbono. Definido como um mecanismo que procura compensar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), ele estabelece um sistema em torno da compra e venda de créditos de carbono, sendo que um crédito equivale a uma tonelada de gás. As empresas que conseguirem reduzir emissões abaixo do valor permitido, poderão vender os créditos excedentes para organizações ou governos que necessitam atingir metas de redução de GEE.

Participar deste processo requer, inicialmente, o cálculo da pegada de carbono. A partir desse estágio, estratégias são traçadas, resultando em créditos para comercialização. Para exemplificar, imagine uma empresa que apurou seu inventário de lançamento de gases de efeito estufa e estabeleceu, a partir daí, quais são as metas de redução. O ideal é que, primeiramente, foque em como aprimorar processos e tecnologias para atingir tal objetivo. Se não for suficiente, ela pode optar pela compra de créditos de carbono em valor equivalente às emissões para atender a meta.

As iniciativas para reduzir ou capturar podem vir por meio de projetos de energias renováveis, eficiência energética, reflorestamento ou até processos mais avançados de captura de carbono do próprio ar. Contudo, um ponto importante para observar e dar segurança para essas operações é que projetos geradores de créditos devem passar por um processo de diligência robusta de verificação, algo como um carimbo ou um certificado de qualidade dado por entidades independentes e reconhecidas pelo mercado, garantindo assim a veracidade da mensuração dos gases.

A transação de compra e venda se dará por meio de um processo similar a compra e venda de uma commodity no mercado financeiro. E é claro, como qualquer ativo financeiro, a relação oferta e demanda afeta o preço do crédito de carbono. O que já acontece na prática é que algumas empresas estão se antecipando e atuando de forma voluntária. Nesse caso, a empresa, pessoa ou governo faz a compensação espontaneamente, adquirindo créditos e direcionando recursos financeiros para o tema, incentivando e fomentando, em contrapartida, projetos com impacto positivo. Já no mercado regulado, em que a PL atuará, as empresas são obrigadas a adquirir os créditos se ultrapassarem alguns valores de emissões definidos pelo regulador.

O mercado de carbono no Brasil, portanto, está passando por transformações significativas  impulsionadas pelo avanço do PL em questão. Aprovado pelo Senado Federal em outubro deste ano, representa um marco na jornada do país em direção a práticas mais sustentáveis. Mesmo com o agronegócio excluído da proposta, o senado aprovou a matéria após acordo com a Frente Parlamentar da Agropecuária, que introduziu emendas ao texto que estabeleceram que a produção agropecuária não será regulada pelo SBCE e que as emissões indiretas provenientes da produção de insumos do setor estão fora do escopo de regulamentação devido à falta de parâmetros técnicos confiáveis para dimensioná-las. Para cumprir a legislação, ou as companhias reduzem os lançamentos ou adquirem créditos de carbono. É um novo mercado, com alto potencial, que está se apresentando. 

*Marcelo Sarkis – Superintendente de Riscos do Banco BV

Redação Economia em Pauta
Redação Economia em Pautahttps://economiaempauta.com
Plataforma especializada em conteúdos sobre economia, mercado financeiro, investimentos e criptomoedas. Resumos diários dos principais sites do Brasil.

Leia Mais

Com aumento de desastres, derivativos climáticos ganham espaço

A mãe de Marty Malinow nunca conseguiu entender o que seu filho fazia para viver. Para os amigos, ela dizia que ele era “um corretor de ações que fazia algo relacionado à...

Fila na madrugada e homenagem a Munger: acompanhe a reunião da Berkshire com Buffett

Começou a reunião anual de acionistas da Berkshire Hathaway, conglomerado de investimentos do megainvestidor Warren Buffett em Omaha, neste sábado (4). Desde às 5 horas da manhã no horário local,  » LEIA MAIS

Warren Buffett vende ações da Apple e reduz fatia em 13%

O conglomerado do megainvestidor Warren Buffett, Berkshire Hathaway (BRK.B), vendeu US$ 38,9 bilhões em ações da Apple (AAPL) entre dezembro do ano passado e março deste ano.  » LEIA MAIS

Sobe para 56 número de mortos por chuvas no RS, com 67 desaparecidos

Subiu para 56 o número de mortos pelas fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o início desta semana e as equipes de resgate ainda buscam por 67 pessoas...

CNU: tire suas dúvidas sobre o adiamento do “Enem dos concursos”

A decisão do governo federal de adiar a realização do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), por causa das fortes chuvas no Rio Grande do Sul,  » LEIA MAIS

Berkshire, de Buffett, registra caixa recorde, com aumento de lucros

A montanha de dinheiro da Berkshire Hathaway Inc. atingiu mais um recorde, à medida que o bilionário investidor Warren Buffett enfrenta uma escassez de grandes negócios.  » LEIA MAIS

Chocolate nas alturas: M. Dias Branco pode sofrer com os altos preços do cacau?

Pode ser que o chocolate para o Dia das Mães esteja ameaçado neste ano. Nas alturas desde o começo do ano, o preço do cacau já triplicou em 2024,  » LEIA MAIS

Lotofácil: aposta acerta todas as dezenas e ganha mais de R$ 1 milhão; veja detalhes

O sorteio do concurso 3094 da Lotofácil foi realizado pela Caixa Econômica Federal na última sexta-feira (3), com o prêmio estimado em R$ 1,7 milhão.  » LEIA MAIS

Caixa sorteia até R$ 178 milhões hoje (4); veja os 6 sorteios para apostar até às 19h

Neste sábado (4) a Caixa Econômica Federal realizará seis sorteios de concursos diferentes da loteria. Os prêmios variam entre R$ 1,15 milhão até R$ 178 milhões.  » LEIA MAIS

Governo adia ‘Enem dos Concursos’; veja quando será a nova data do Concurso Unificado

Anunciado no ano passado pelo Governo Federal, o Concurso Nacional Unificado ou Enem dos Concursos ofertará diversas vagas em uma série de funções públicas.  » LEIA MAIS

Comments

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Conteúdos Exclusivos

*Inscreva-se e receba conteúdos exclusivos: artigos, notícias, vídeos e podcast.

Nossos canais

Destaques

plugins premium WordPress